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Foto do escritorEquipe 7Delucca

Pensamento vai longe? Atenção ao momento ajuda no foco e a tomar decisões...


Executar uma tarefa com foco total é um desafio para você? Isso é comum, afinal é da natureza da mente humana devanear, então o pensamento vai longe. Mas algumas atitudes ajudam a prestar mais atenção no momento e, assim, realizar atividades de forma otimizada. Uma das práticas para melhorar essa habilidade é o mindfulness, traduzido como "atenção plena", indica Natasha Kim de Oliveira, doutora em psiquiatria pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e nutricionista.

"Passamos cerca de 47% do tempo distraídos, em muitos casos isso é bastante associado à insatisfação com a vida. Quanto mais conseguimos trazer a atenção para o que estamos fazendo, começamos a ter melhor qualidade de vida e redução de estresse", afirmou em entrevista durante o Brain Congress 2022, em Gramado (RS), na sexta-feira (3). O mindfulness é um dos pilares da meditação budista e foi difundido pelo médico norte-americano Jon Kabat-Zinn, professor emérito da Universidade de Massachusetts (EUA). Ele não é um relaxamento ou uma ferramenta para "esvaziar a mente", mas um exercício para estimular a atenção ao momento. "A ideia é conversarmos e eu não estar pensando na lista de supermercado. Não estou no trabalho pensando em casa e em casa pensando no trabalho. Inclusive, fazer as refeições desfrutando do sabor do alimento, do cheiro, textura", exemplifica Oliveira.


Ajuda a combater sintomas de ansiedade e depressão

Desde os anos 2000, estudos também analisam os efeitos do mindfulness como um aliado no tratamento de pacientes com depressão e ansiedade. Segundo a doutora em psiquiatria, os benefícios envolvem redução dos sintomas clínicos das condições, minimizando também possíveis complicações relatadas a longo prazo, como a insônia e os índices de obesidade. "Ele age como prevenção de desenvolver a doença, mas também contra recair nela. No Reino Unido, pacientes com episódios de três depressões no passado têm indicação de mindfulness como tratamento para não reincidirem", conta a nutricionista.

Os tratamentos são realizados por profissionais qualificados na prática, que aplicam programas específicos a depender do objetivo. Os treinamentos podem ser feitos em grupo ou individualmente, geralmente três vezes na semana, mas com orientação de praticar também nos outros dias para conseguir modular as habilidades. Já os benefícios, explica Oliveira, começaram a aparecer após dois a três meses. Mais estudos pretendem refinar as indicações das técnicas ao apontar, por exemplo, se há perfis clínicos mais apropriados e em quais momentos ela pode ser mais eficaz.


Como fazer?

A premissa do mindfulness é justamente conseguir fazer a pessoa retomar a presença ao pensamento cada vez mais rápido, tornando-se mais presente, aumentando atenção e desempenho, além de ter maior assertividade nas ações. É possível usar aplicativos certificados ou procurar conteúdos de perfis especializados para auxiliar na prática. No dia a dia, se perceber é essencial na tentativa de trabalhar a técnica. Por exemplo, você perdeu o foco durante esta leitura? A ideia é conseguir, aos poucos, concentrar-se na tarefa atual, sem abrir outras abas no computador ou responder aquele grupo que manda muitas mensagens. Isso calibra a atenção e permite realizar melhor cada atividade, sem se esquecer de uma —ou algumas— delas. Por isso tantos especialistas defendem que pegar o celular logo ao acordar é algo maléfico, já que surgem vários estímulos e demandas subitamente.


Musculação cerebral

Tão investidas a múltiplas ações ao mesmo tempo, é comum que as pessoas sintam prejuízos e insatisfação com a vida. Esses cenários não são necessariamente quadros depressivos ou ansiosos, mas alertam à urgência em priorizar o que realmente importa. Também é positivo começar a perceber comportamentos que indiquem algo de fundo emocional, como fome e sono excessivos. Em alguns casos, os sinais mascaram descontentamentos mais profundos. "Estar atento é ter mais tempo para escolher. Ao invés de ter ação automática, eu tenho tempo maior para escolher o que quero naquele momento. Às vezes a pessoa está ansiosa por não entregar no prazo e desconta o desconforto na comida”, conta a nutricionista Natasha Kim de Oliveira.

"Com o mindfulness, a pessoa começa a perceber mais cedo quando devaneia, mantém a atenção sustentada por mais tempo, tem menor intervalo de distração e aumento a atenção focada. É como se criasse essa habilidade, uma musculação em que fica concentrada naquilo", diz.

A "musculação cerebral" é real e favorece a neuroplasticidade (capacidade do órgão em se adaptar de acordo com estímulos), segundo a especialista. Estudos indicam que o mindfulness diminui áreas que desregulam emocionalmente e têm reações mais afloradas, enquanto ativa regiões que estimulam o autocontrole e autorregulação.


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